Pela segunda vez desde a
redemocratização, o Senado Federal tomou a decisão de afastar do cargo um
presidente da República eleito pelo voto popular, 24 anos depois da queda de
Fernando Collor de Mello. A decisão, tomada por 55 votos a 22, confirmou o que
dias antes já era tido como fato consumado: o afastamento de Dilma Rousseff,
primeira mulher eleita presidente do Brasil, e a interrupção do ciclo de 13
anos e meio do PT no poder.
Hoje mesmo, Dilma será notificada e
terá de abandonar suas funções. Ato contínuo, assume a Presidência da República
o vice-presidente Michel Temer. Ele ficará no cargo inicialmente até 180 dias —
prazo máximo para o Senado processar e julgar a presidente. Se ao fim do
processo o impeachment for consumado, Temer assumirá a cadeira definitivamente.
Diferentemente de Itamar Franco, que
em 1992 pediu o adiamento de sua posse, Michel Temer assume o posto hoje com o
governo quase pronto e uma série de medidas preparadas para serem apresentadas
imediatamente. Com um Ministério essencialmente composto de políticos
partidários — quase todos seus ministros serão deputados, senadores ou
ex-parlamentares —, o peemedebista passa ao comando do país pregando uma pauta
oposta à do PT: quer viabilizar já as reformas trabalhista e previdenciária,
promover o encolhimento do Estado, reduzindo o intervencionismo que marcou os
governos do PT, e estimular a participação do setor privado, especialmente na
infraestrutura.
Assim, a abertura do processo de
impeachment significa também o fim de um projeto de poder que moldou o país nos
últimos anos. Ainda que o sucessor da cadeira mantenha uma gestão repleta de
semelhanças na forma fisiológica de distribuir o poder.
Após a primeira mulher presidente,
Temer também forma agora um Ministério totalmente composto de homens, e sem
nenhum negro.
EBC
Nenhum comentário:
Postar um comentário