O Ministério da Saúde confirma neste
sábado (28) a relação entre o vírus Zika e o surto de microcefalia na região
Nordeste. O Instituto Evandro Chagas, órgão do ministério em Belém (PA),
encaminhou o resultado de exames realizados em um bebê, nascida no Ceará, com
microcefalia e outras malformações congênitas. Em amostras de sangue e tecidos,
foi identificada a presença do vírus Zika. A partir desse achado do bebê
que veio à óbito, o Ministério da Saúde considera confirmada a relação entre o
vírus e a ocorrência de microcefalia. Essa é uma situação inédita na pesquisa
científica mundial.
As investigações sobre o tema devem
continuar para esclarecer questões como a transmissão desse agente, a sua
atuação no organismo humano, a infecção do feto e período de maior
vulnerabilidade para a gestante. Em análise inicial, o risco está associado aos
primeiros três meses de gravidez.
O achado reforça o chamado do
Ministério da Saúde para uma mobilização nacional para conter o mosquito
transmissor, o Aedes aegypti, responsável pela disseminação da dengue, zika e
chikungunya. O êxito dessa medida exige uma ação nacional, que envolve a União,
os estados, os municípios e a toda a sociedade brasileira. O momento agora é de
unir esforços para intensificar ainda mais as ações e mobilização. A
campanha lançada nesta semana alerta que o mosquito da dengue mata e, portanto,
não pode nascer.
A ideia é que todos os dias sejam
utilizados para uma limpeza e verificação de focos que possam ser criadouros do
mosquito. O resultado do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti
(LIRAa) indica 199 municípios brasileiros em situação de risco de surto de
dengue, chikungunya e zika, sendo necessária uma mobilização, de todos,
imediata. Casos de óbitos O Ministério da Saúde também foi
notificado, na sexta-feira (27), pelo Instituto Evandro Chagas sobre outros
dois óbitos relacionados ao vírus Zika. As análises indicam que esse agente
pode ter contribuído para agravamento dos casos e óbitos. Esta é a primeira
ligação de morte relacionada ao vírus Zika no mundo, o que demostra uma
semelhança com a dengue.
O primeiro caso foi confirmado
pelo Instituto Evandro Chagas, de Belém (BA), trata-se de um homem com
histórico de lúpus e de uso crônico de medicamentos corticoides, morador de São
Luís, do Maranhão. Com suspeita de dengue, foi realizada coleta de
amostra de sangue e fragmentos de vísceras (cérebro, fígado, baço, rim, pulmão
e coração) e enviadas ao IEC. O exame laboratorial apresentou resultado
negativo para dengue. Com a técnica RT-PCR, foi detectado o genoma do vírus
Zika no sangue e vísceras.
Confirmado na sexta-feira (27), o
segundo caso é de uma menina de 16 anos, do município de Benevides, no Pará,
que veio a óbito no final de outubro. Com suspeita inicial de dengue, notificada
em 6 de outubro, ela apresentou dor de cabeça, náuseas e petéquias (pontos
vermelhos na pele e mucosas). A coleta de sangue foi realizada sete dias após o
início dos sintomas, em 29 de setembro. O teste foi positivo para Zika,
confirmado e repetido. Todos os achados estão sendo divulgados conforme
são conhecidos.
O objetivo é dar transparência sobre a
situação atual, assim como emitir orientações para população e para a rede
pública. Esse é um achado importante e merece atenção. O Ministério da Saúde está
se aprofundando na análise dos casos, além de acompanhar outras análises que
vem sendo conduzidas pelos seus órgãos de pesquisa e análise laboratorial. O
protocolo inicial para o atendimento de possível agravamento da Zika será o
mesmo utilizado para situações mais graves de dengue.
Investigações em curso O Ministério da Saúde mantém as investigações sobre a
ocorrência de microcefalia em bebês, assim como a avaliação de casos graves em
adultos, a manifestação clínica e a disseminação da doença. Nesta semana, a
convite de governo federal, representantes do CDC (Centro de Prevenção e
Controle de Doenças, em inglês), dos Estados Unidos, integrarão os esforços das
autoridades e parceiros nacionais nestas análises. O CDC é referência para a
Organização Mundial de Saúde (OMS) em doenças transmissíveis.
A OMS e a sua representação nas
Américas, a OPAS, têm sido atualizadas sobre o andamento das ações, dos
resultados e das conclusões do Ministério da Saúde. Atividades do
governo O Ministério da Saúde intensificou o acompanhamento da situação, de
forma prioritária, e divulgará orientações para rede pública e para a
população, conforme os resultados das investigações. Além disso, mantém
contato com as secretarias estaduais e municipais para articular uma resposta
conjunta e, em especial, a mobilizar ações contra o mosquito Aedes aegypti.
O Ministério da Saúde informa, ainda,
que a Presidência da República determinou a convocação do GEI (Grupo Executivo
Interministerial), que envolve 17 ministérios, para a formulação de plano
nacional do combate ao vetor transmissor, o mosquito Aedes Aegypti.
Também estão sendo estimuladas pesquisas para o diagnóstico da doença e
frentes de mobilização em regiões mais críticas. Não faltarão recursos
financeiros para suporte às ações. As medidas envolvem, finalmente,
ações de comunicação e suporte assistencial, como pré-natal, atenção
psicossocial, fisioterapia, exames de suporte e estímulo precoce dos bebês.
Agência Saúde