terça-feira, 24 de novembro de 2015

REGIÃO: RN registra terceiro pico de violência


O Rio Grande do Norte teve o terceiro fim de semana, praticamente seguido, com mortes violentas acima da média. Foram 27, quando a média é de 16. Só no segundo semestre deste ano, foram quatro picos de homicídios fora do comum de sexta a domingo. Além disso, o número de  policiais mortos, já ultrapassou o que foi registrado em 2013 e 2014:  nove agentes de segurança pública  (dois civis e sete militares) em 2015, enquanto que nos dois anos imediatamente anteriores foram registradas oito mortes em cada um deles. Apesar deste quadro de insegurança, as estatísticas mostram que 2015 tem sido menos violento que o passado recente. 

Em compensação, o governo pretende ampliar o projeto Ronda Cidadã nos próximos dias. Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed/RN), a Área Integrada de Segurança Pública (AISP) 11 deverá receber a experiência de policiamento de proximidade até o final do ano. Na zona Oeste de Natal, a AISP 11 compreende os bairros do Planalto, Guarapes e Pitimbu (Conjunto dos bancários, Cidade Satélite e San Vale). 

Com a ampliação, 73 mil pessoas deverão estar sob a guarda do Ronda. O primeiro conjunto de bairros a receber o projeto foi Petrópolis, Mãe Luíza e Areia Preta, mudando o esquema de segurança de 33 mil pessoas. Em entrevista em uma rádio da capital, o governador Robinson Faria confirmou a ampliação. Ele informou também que Mossoró deverá receber em dezembro o Ronda Cidadã, entretanto, segundo a Sesed/RN,  a capital do oeste ainda não foi dividida em AISPs, a metodologia básica para a implantação do projeto. Isso só deverá ser feito no próximo ano, conforme a secretaria.

No fim de semana passado, do dia 20 a 22, 14 municípios registraram  mortes violentas (também chamados de Crimes Violentos Letais e Intencionais – CVLIs): Natal (7 mortes), João Câmara (4), Extremoz (3), São Gonçalo do Amarante (2), Jaçanã (2), Apodi (1), Marcelino Vieira (1), São Miguel (1), Passa-e-fica (1), Jandaíra (1), Baraúna (1), Caicó (1), Ceará-mirim (1), Água Nova (1).  Também houve CLVIs acima da média nos finais de semana de 30 de outubro a 02 de novembro; de 13 a 15 de novembro e em setembro dos dias 22 a 25, quando chegou-se ao recorde do ano com 33 pessoas mortas num período de três dias. 

De acordo com a secretária de Segurança Pública e Defesa Social, Kalina Leite, apesar da sensação de insegurança os números mostram que as mortes violentas no Estado permanecem em queda em relação à década passada. “Ainda estamos com picos, mas como a gente está fazendo a aplicação da mancha criminal [identificação de áreas com maior incidência de crimes], muitas vezes eles [os criminosos] migram”, disse. 


Kalina Leite reconhece que a morte de policiais causa impacto, mas afirma que a sensação de insegurança é em todo o país. “Todos nós hoje estamos vulneráveis em todo o País”, acrescentou. O tráfico de drogas é o principal causador desses picos, embora não seja um problema novo. 


A secretária não anunciou nenhuma medida para combater diretamente esses picos de violência, entretanto, falou que o governo tem investido na inteligência da Polícia Civil, na aplicação da mancha criminal, aumentado as barreiras policiais, a presença de policiais na rua e a aproximação deles com a população. Ela lembra também que fatores como aumento desemprego e qualidade da educação também contribuem a insegurança. 


Comoção em sepultamento de pai e filho policiais
 
Depois de um cortejo com  viaturas e salva de tiros feitas por policiais civis,  Geraldo de Souza, de 63 anos, e Allyrio Cavaliere Nobre de Souza, 32 anos, foram enterrados num cemitério privado de Parnamirim. Os dois policiais civis eram pai e filho. Geraldo dedicou 30 anos de sua vida à corporação, sendo 16 deles como chefe de investigação  da 1º DP. Ele também passou pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DCA), Delegacia de Narcóticos (Denarc) e Delegacia  Especializada em Furtos e Roubos (Defur). 

O filho de Geraldo estava há pouco mais de um ano na Polícia Civil. Ele trabalhava em Campo Grande, interior do Rio Grande do Norte, durante a semana e volta para casa no fim de semana. Allyrio era casado há seis anos e deixou um filho com quatro anos e sua mulher. Antes de ser policial, o filho de Geraldo foi professor de inglês e atualmente cursava direito na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. A tia de Allyrio  e irmã de Geraldo foi uma das poucos pessoas que quis se pronunciar. “Essa cidade está entregue à criminalidade. Isso é uma tragédia: dois pais de família indo embora por conta da violência”, comentou Maria Augusta de Souza Torres. 


O Conselho Estadual dos Direitos Humanos e da Cidadania divulgou nota lamentando a morte dos dois policiais e das outras pessoas que assassinadas no fim de semana. Além disso, o conselho destaca a importância da criação de uma Divisão de Homicídios e de uma secretaria específica para o sistema prisional dentre outras providência. Até foram 1.468 mortes violentas em 2015 no RN.


Tribuna do Norte

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