Para conter avanço do preço
do grão, que subiu 54% no ano, Michel Temer libera importação. Mas, com moeda
dos EUA em alta, produtor, distribuidor e varejo adotam cautela com medida Com o dólar ainda em alta, a
medida emergencial de liberar a importação do feijão anunciada, ontem, pelo
presidente em exercício, Michel Temer, pode não trazer o alívio tão esperado
pelos consumidores, conforme analisa o mercado.
Ontem, depois de pressionado
pela internet, na qual internautas fizeram campanhas para abaixar o preço desse
item da cesta básica, Temer anunciou a liberação da importação do grão de
países do Mercosul, com possibilidade de trazer o produto do México e também da
China. A tentativa durará no máximo 90 dias e pode, ou não, trazer benefícios.
“É uma ação de emergência e, com o valor da moeda norte-americana a mais de R$
3, o feijão chegará às prateleiras também mais caro”, analisa a coordenadora da
Assessoria Técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas
Gerais (Faemg), Aline Veloso.
A intenção do governo é
incentivar as redes varejistas a importar um volume maior desse item
tradicional da mesa brasileira, para, então, forçar a queda dos preços no
mercado interno, uma vez que ele subiu 54% no país de janeiro a junho. Porém,
além de não agradar produtores, a indústria está em dúvida quanto ao êxito da
medida. Responsável pela unidade da Camil Alimentos em Belo Horizonte, Jane
Marques diz que a ação é interessante. Mas ela lembra que a empresa já importa
feijão do Chile há mais tempo, uma vez que a matéria-prima daqui não é
suficiente.
Porém, com a alta do valor
da saca do grão (na semana passada 60 quilos chegavam a R$ 460 em BH), as
vendas do feijão Camil foram suspensas. “Sem matéria-prima, uma vez que o preço
está alto aqui no Brasil e também no Chile, demos uma parada na venda do nosso
produto, que chegou a R$ 16 o quilo, sendo que custava R$ 6 nas gôndolas no
início do ano”, compara, acrescentando que um quilo de arroz da marca estava a
R$ 12,98. “Não faz sentido isso para o consumidor”, avalia.
Jane Marques comenta ainda
que a nova medida é benéfica, mas é preciso estudar o potencial do mercado para
conhecer se vale a pena a importação de países como China e México. “A alta do dólar é mesmo um entrave, mas o
potencial do mercado é que vai nos dizer se vale importar desses locais”,
afirma.
Para o momento, no qual tem havido uma procura
grande pelo feijão, a Associação Mineira de Supermercados (Amis) avalia que a
tentativa de Temer pode ser benéfica, uma vez que pode equilibrar o mercado,
segundo o superintendente da associação, Antônio Claret Nametala. “A importação pode ajudar a regular o mercado,
já que estamos com o excesso de procura e pouca oferta.
Porém, é preciso saber quando os grãos
chegariam aqui e se os produtores de lá terão preços competitivos”, comenta
Nametala. Ele diz que a medida só vai valer a pena se
“trouxer algo novo”. “Se não tiverem valores diferentes dos daqui, não vamos
comprar”, pondera.
Jornal
floripa
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