quinta-feira, 23 de junho de 2016

ECONOMIA: Dólar Caro pode anular beneficios da importação do feijão


Para conter avanço do preço do grão, que subiu 54% no ano, Michel Temer libera importação. Mas, com moeda dos EUA em alta, produtor, distribuidor e varejo adotam cautela com medida Com o dólar ainda em alta, a medida emergencial de liberar a importação do feijão anunciada, ontem, pelo presidente em exercício, Michel Temer, pode não trazer o alívio tão esperado pelos consumidores, conforme analisa o mercado. 

Ontem, depois de pressionado pela internet, na qual internautas fizeram campanhas para abaixar o preço desse item da cesta básica, Temer anunciou a liberação da importação do grão de países do Mercosul, com possibilidade de trazer o produto do México e também da China. A tentativa durará no máximo 90 dias e pode, ou não, trazer benefícios. “É uma ação de emergência e, com o valor da moeda norte-americana a mais de R$ 3, o feijão chegará às prateleiras também mais caro”, analisa a coordenadora da Assessoria Técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso.

A intenção do governo é incentivar as redes varejistas a importar um volume maior desse item tradicional da mesa brasileira, para, então, forçar a queda dos preços no mercado interno, uma vez que ele subiu 54% no país de janeiro a junho. Porém, além de não agradar produtores, a indústria está em dúvida quanto ao êxito da medida. Responsável pela unidade da Camil Alimentos em Belo Horizonte, Jane Marques diz que a ação é interessante. Mas ela lembra que a empresa já importa feijão do Chile há mais tempo, uma vez que a matéria-prima daqui não é suficiente.

Porém, com a alta do valor da saca do grão (na semana passada 60 quilos chegavam a R$ 460 em BH), as vendas do feijão Camil foram suspensas. “Sem matéria-prima, uma vez que o preço está alto aqui no Brasil e também no Chile, demos uma parada na venda do nosso produto, que chegou a R$ 16 o quilo, sendo que custava R$ 6 nas gôndolas no início do ano”, compara, acrescentando que um quilo de arroz da marca estava a R$ 12,98. “Não faz sentido isso para o consumidor”, avalia.

Jane Marques comenta ainda que a nova medida é benéfica, mas é preciso estudar o potencial do mercado para conhecer se vale a pena a importação de países como China e México.  “A alta do dólar é mesmo um entrave, mas o potencial do mercado é que vai nos dizer se vale importar desses locais”, afirma.

 Para o momento, no qual tem havido uma procura grande pelo feijão, a Associação Mineira de Supermercados (Amis) avalia que a tentativa de Temer pode ser benéfica, uma vez que pode equilibrar o mercado, segundo o superintendente da associação, Antônio Claret Nametala.  “A importação pode ajudar a regular o mercado, já que estamos com o excesso de procura e pouca oferta.

 Porém, é preciso saber quando os grãos chegariam aqui e se os produtores de lá terão preços competitivos”, comenta Nametala.  Ele diz que a medida só vai valer a pena se “trouxer algo novo”. “Se não tiverem valores diferentes dos daqui, não vamos comprar”, pondera.
Jornal floripa

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