Os bolivianos rejeitaram a reforma
constitucional promovida pelo presidente de origem indígena Evo Morales, de 56
anos, para se candidatar a um quarto mandato (2020-2025) na Bolívia, segundo a contagem oficial do
Organismo Eleitoral Plurinacional (OEP), com quase 100% das urnas apuradas.
De acordo com o último boletim oficial
no início de madrugada desta quarta-feira (24) - horário no Brasil -, após a
apuração de 99,72% dos votos, o "não" vencia com 51,30%, contra
48,70% para o "sim". A tendência é irreversível. "O 'não' se
impôs com 51,31% dos votos contra 48,69% do 'sim', com 99,49% das urnas
apuradas", afirmou a presidente do TSE, Katia Uriona, em um relatório
apresentado na noite de terça (23), penúltimo boletim do dia.
Mais de seis dos dez milhões de
bolivianos foram às urnas no domingo (21) para decidir sobre uma reforma
constitucional. A aprovação do "sim" possibilitaria uma terceira
reeleição do presidente, junto com seu vice, Álvaro García Linera. Esta foi a
primeira derrota eleitoral direta do presidente Evo Morales desde
sua chegada ao poder em 2006.
Os resultados oficiais apontam que a
rejeição ganhou em seis dos nove departamentos (estados) do país - Potosí,
Tarija, Chuquisaca, Santa Cruz, Beni e Pando. Já La Paz, Oruro e Cochabamba
votaram a favor da reforma. A presidente do Tribunal Eleitoral, Katia Uriona,
destacou o esforço feito pelo órgão para garantir a rapidez e a precisão na
contagem dos votos. A apuração começou pelos centros urbanos até, finalmente,
chegar às zonas rurais.
Reações
Para o líder opositor boliviano Samuel
Doria Medina, a derrota de Evo Morales deixa como mensagem para a oposição a
urgência de se unir. "A principal mensagem a extrair é a da unidade, ou
seja, que o caminho da unidade é o de que a Bolívia necessita", afirmou,
insistindo em que "a principal mensagem que a população nos deu é que, se
trabalharmos unidos, teremos resultados". O resultado exige que
"encontremos um mecanismo para manter essa unidade", acrescentou o
líder de centro.
Doria Medina perdeu duas vezes para
Morales - consecutivamente e por uma ampla diferença - na disputa à Presidência
do país. Em sua conta no Twitter, o ex-presidente liberal Jorge Quiroga
comemorou: "Bolívia diz NÃO ao autoritarismo. NÃO à corrupção. NÃO ao
Chavismo. NÃO ao narcotráfico. NÃO ao desperdício".
O ex-presidente Carlos Mesa -
porta-voz da causa marítima contra o Chile liderada por Morales, mas contrário
à extensão de seu governo - tuitou que "o triunfo do NÃO retrata a
consciência do país que sabe que o respeito à Constituição limita o poder
absoluto dos governantes". "Presidente, o que o voto dos bolivianos
disse é que não há pessoas imprescindíveis, há apenas causas
imprescindíveis", escreveu.
Mais cedo, a Missão de Observação
Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) pediu às autoridades que
aceitem e respeitem os resultados do referendo de domingo. "A Missão
convida os representantes das diferentes opções e os membros das forças
políticas a aceitarem os resultados entregues pelo Órgão Eleitoral
Plurinacional, única autoridade competente para esta tarefa", declarou a
OEA em um comunicado à imprensa. Na segunda-feira (22), o presidente Evo
Morales garantiu que respeitará os resultados do referendo.
G1