Tornou-se muito fácil identificar um petista numa
roda de políticos. Ele será sempre o que estiver falando mal de Dilma com maior
estridência. Reunido no Rio de Janeiro, o diretório nacional do PT caprichou no oportunismo. Criticou duramente a ruína em que se encontra
assentada a administração Dilma. E pregou a ressurreição da política econômica
de Lula. Esqueceu dois detalhes: 1) foi Lula quem
tirou a gênia da garrafa. É um pouco tarde para obrigá-la a entrar de novo; 2) o PT ajudou a produzir os escombros. O partido fez o
pior o melhor que pôde.
O petismo tem saudades da era Lula porque foi no
reinado dele que o PT tornou-se uma máquina coletora de dinheiro público. Foi
uma fase em que o velho lema do ‘rouba mas faz’, piscando num letreiro
invisível ao fundo, fornecia a imunidade preventiva para um sistema de
conveniências em que o suposto proveito substituía a ética. Hoje, a roubalheira
exposta pela Lava Jato fulminou a ética. E a estagflação fez sumir a falsa
noção de proveito.
É nesse contexto que o PT traz à luz o seu Plano
Nacional de Emergência, um programa econômico desconectado da realidade.
Aprovado sob aplausos generalizados, o texto sugere que os juros sejam
reduzidos na marra, propõe o escancaramento das arcas já faliadas e prega o uso
das reservas cambiais para financiar obras públicas.
Desde que abandonou a noção de responsabilidade
fiscal, Dilma vem tocando as coisas na base do vai ou racha. O PT informa que,
neste ano de eleições municipais, a coisa terá que ir mesmo rachada. Com o
apoio de Lula, o partido critica o ajuste fiscal que não deixou Joaquim Levy
executar. E ignora que Lula inaugurou o seu reinado, em 2003, produzindo
superávits de caixa de dar inveja nos liberais tucanos. Coisas do passado.
Hoje, reduzido à condição de organização partidária
com fins lucrativos, o Partido dos Trabalhadores, 100% financiado pelo déficit
público, virou a principal evidência de que o poder longevo pode levar qualquer
agremiação a atingir a perfeição da ineficiência impudente. Com os ideais
dissolvidos em corrupção, o PT dedica-se a desfazer o que ele mesmo fez. É um
caso raro de autodissolução.
Blog do BG
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