O Exército egípcio reconheceu que um tribunal militar do país cometeu um erro ao condenar um menino de quatro anos à prisão perpétua por assassinato. Segundo o coronel Mohammed Samir, porta-voz das Forças Armadas egípcias, a corte deveria ter sentenciado um jovem de 16 anos com o mesmo nome da criança.
Ahmed Mansour Qurani Ali foi condenado
na semana passada, juntamente com outras 115 pessoas, por suposta ligação com
protestos organizados em 2014 por seguidores da entidade islamita Irmandade
Muçulmana. O advogado do garoto apresentou documentos que comprovam que o
menino era um bebê de um ano à época dos fatos. Em publicação no Facebook, o
coronel disse que Ahmed Mansour Qurani Sharara, de 16 anos, deveria ter sido
condenado, e não Ahmed Mansour Qurani Ali.
Ainda não estava claro o que
aconteceria com a criança após o reconhecimento do erro. O advogado do menino
disse que o nome dele foi incluído em lista de suspeitos por engano - e que
oficiais de Justiça não checaram sua certidão de nascimento para verificar a
idade à época do suposto crime.
Ele foi consequentemente condenado por
quatro homicídios, oito tentativas de homicídio e vandalismo contra bens
públicos.Justiça na berlinda
A Justiça do Egito está sob críticas constantes desde o golpe militar que derrubou o p residente Mohammed Morsi em 2013, o que motivou protestos em massa pelo país.
A Justiça do Egito está sob críticas constantes desde o golpe militar que derrubou o p residente Mohammed Morsi em 2013, o que motivou protestos em massa pelo país.
Morsi, membro da Irmandade Muçulmana,
havia sido eleito nas primeiras eleições democráticas no Egito desde a
deposição do ditador Hosni Mubarak, em 2011. A escolha desagradou setores
seculares, e Morsi acabou derrubado do poder em um golpe de Estado. Desde
então, mais de 1.000 pessoas foram mortas e 40 mil teriam sido presas em ações
de repressão a dissidentes.
Muitas dessas pessoas apoiam a
Irmandade Muçulmana, entidade islamita fundada em 1928 e que funcionava como
uma ONG, prestando serviços sociais. A entidade foi banida pela Justiça egípcia
em 2013.
Ativistas seculares também foram
processados por infringir a lei antiprotesto do país. Em 2014, a ONU
(Organização das Nações Unidas) alertou sobre a presença, no Egito, de um
"sistema judicial onde garantias internacionais sobre julgamentos justos
parecem estar sendo crescentemente prejudicadas". A declaração veio após
mais de 1,2 mil pessoas serem condenadas à morte em dois julgamentos em massa
"repletos de procedimentos irregulares", segundo a ONU.
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