A delação do ex-diretor da Odebrecht Claudio
Melo Filho levou o governo de Michel Temer para outro patamar. Um patamar mais
rebaixado. Políticos dos partidos governistas incluíram em suas análises a
hipótese de o presidente não concluir o mandato-tampão que vai até 2018.
Formaram-se entre aliados do presidente dois sólidos consensos: 1) as
revelações do delator feriram gravemente o governo; 2) Temer precisa reagir
rapidamente, sob pena de ser carbonizado pela Lava Jato.
O blog conversou com um congressistas amigo de Temer. Ele disse ter
passado o sábado recolhendo impressões de outros parlamentares e de autoridades
do governo. Pendurado ao celular, falou com onze pessoas, algumas delas citadas
na delação. Não quis revelar os nomes. Mas contou que nenhum dos seus
interlocutores menosprezou o potencial de combustão das revelações do
ex-responsável pelo lobby da Odebrecht em Brasília.
Há, porém, uma divisão entre os governistas.
A parte do grupo que inclui os delatados avalia que Temer ainda exibe
capacidade de reação. Bastaria perseverar nas reformas. O outro pedaço receia
que o governo Temer esteja irremediavelmente comprometido. Nessa visão, Temer
está diante de uma adversidade que compromete sua pose de reformador. Além de
estar pessoalmente envolvido, o presidente rodeou-se de amigos e auxiliaries
tóxicos. Pessoas das quais ele tem dificuldades de se livrar.
De resto, a encrenca tende a aumentar. No total,
77 executivos e ex-executivos da Odebrecht estão suando o dedo. Ainda há muita
lama por escorrer. Logo, logo Marcelo Odebrecht prestará depoimento
confirmando, por exemplo, que participou de um jantar no Palácio do Jaburu, em
2014, em que foi mordido em R$ 10 milhões pelo então vice-presidente Michel
Temer. Dinheiro saído das arcas do Departamento de Operações Estruturadas da
Odebrecht (pode me chamar de “Departamento de Propinas.)”.
Via:
Josias de Souza
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